segunda-feira, 23 de setembro de 2013

E além disso tudo

O mundo gira e gira muitas vezes. Por convenção chamamos suas voltas de dias e o conjunto delas de ano. Por convenção, também, habitua-se a enxergar a felicidade com uma fórmula pré-estabelecida e, por vezes, esquecem que essa fórmula na realidade se readapta para outras milhares, milhões.
Ainda sobre o mundo e suas voltas, vale lembrar que a velocidade é sempre a mesma enquanto a velocidade das nossas mudanças chega a assustar. As vezes perde-se o interesse por aquilo que era o máximo há uns meses atrás, há uns anos, talvez. Não se mudam os olhos, mas sim o brilho neles. Não se endurece o coração, mas se escolhe pelo que socar o peito.
O que incomoda não é o confronto de ideias e nem as variáveis que se escolhem colocar nessa tal fórmula de felicidade, mas sim a falta de espaço pra deixar fluir minha própria fórmula. Não preciso de tanta euforia embriagada, de tanta alegria barulhenta e espaçosa, talvez eu só precise de espaço pra exalar minha própria felicidade silenciosa – silenciosa pra que eu possa ouvir os socos no peito novamente. É mais do micro pro macro, são mais sorrisos do que risadas, é mais forte e intenso e menos contínuo e excessivo, até mesmo mais notas e menos palavras, mais papo de boteco e menos danças manjadas, mais gritos fora de hora e menos lenga-lenga, sabe? Pra mim é mais verdadeiro.

sábado, 17 de agosto de 2013

Testas

   Eu prometi pra mim mesmo não mais dedicar um post no blog pra falar sobre isso, mas hoje eu acordei com algo me incomodando por dentro, tirando o sono de quem ainda precisava muito dormir. Foi então que o incômodo se transformou em milhões de palavras na minha cabeça, em milhares de teorias sobre mim e minha postura diante disso e sei lá.
   Faz tempo que me sinto constantemente segurando as rédeas de um touro enfurecido e que busco sedá-lo a fim de aproveitar mais eu mesmo e deixar o tal touro descansar – a ideia sempre foi sedá-lo em doses abusivas a fim de que ele viesse, enfim, a falecer sem deixar saudades. Porém, se tudo fosse fácil assim eu não estaria aqui, com a cabeça a milhão, vomitando palavras mais rapidamente do que consigo mesmo pensar.
   É claro que a paciência já não é mais a mesma; na teoria, tudo é muito claro, mas por que na prática as coisas não funcionam bem? Será que tudo está como parece estar? Quanto mais a distância parece aumentar, mais parece que algo dentro de mim quer sair de dentro de mim e correr atrás pra não deixar essa distância aumentar. E isso dói. Dói saber o que preciso fazer e simplesmente não conseguir. Dói saber que eu tô sozinho nessa. Não sei mais até quando tudo é aprendizado e até quando tudo é apenas mágoa e... dor.
   Não existem formas de medir o quanto me sinto ridículo e fraco neste momento. Só sei que odeio o quanto você torna tudo simples quando eu acho complicado e complica quando eu acho fácil; odeio o fato de eu gostar tanto e apostar tanto nisso; odeio ter que administrar meus sentimentos ao invés de deixar eles me administrarem. Nunca soube o que é ter o controle total da situação, mas hoje posso ver a responsabilidade e as dificuldades que isso traz. Odeio também ter que acordar incomodado e com lembranças de um ou dois anos atrás e odeio mais ainda lembrar de como aquela sensação era boa... E não me arrependo de arriscar e brincar com o perigo de sofrer, pois é assim que sinto os sentimentos me administrando.
   Enquanto moldo minha vida e me torno mais hedonista, vejo os caminhos contrários e paralelos a mim. Não sei o que sinto por eles, mas sei o que sinto hoje por mim. Pior ainda, sei o que sinto hoje ao acordar e lembrar de você mais uma vez sorrindo com a testa junta da minha... E isso eu odeio.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Transição

   Nunca se sabe o que há de errado, de fato. O que se sabe é que há cada vez mais a crescente vontade de fazer o que é de sua vontade e cada vez menos chances para isso. Talvez a vontade crescente cause essa impressão ou talvez ele esteja mesmo se perdendo e se perder aparentava ser mais legal antes.
   Correu por algum tempo – um bom tempo – atrás daquilo que devia te fazer feliz e viu um dos maiores clichês da vida se manifestar: “quanto maior a expectativa maior a decepção”. Decepção? Acho que não, palavra forte demais, mas digamos que a felicidade do rapaz tenha se limitado a 60% do esperado. Uma decepção, para os pessimistas; um espetáculo para quem não liga e nem nunca ligou. Porém, é claro que estamos vendo a vida do rapaz pelo lado pessimista, pois, sendo otimista podemos ver que um caminho mais confiável começa a se iluminar paralelamente, mesmo que ainda desconhecido e repleto de inseguranças e incertezas; a ideia de mudança radical já encanta o suficiente.

   Nunca olhar ao redor foi tão chocante. O rapaz agora espera ver a vida de cima, não por superioridade, mas por racionalidade. Ele ainda não sabe como fazê-lo, mas sabe que, cedo ou tarde, o fará. Já pode até sentir o aroma marcante que essa fase tem, da mesma forma que o cheiro “pesado” remete à eles, o “único” àqueles e o “doce”... consegue ser suave com a força arrebatadora que nenhuma outra suavidade já conseguiu. Pensar nisso o deixa triste e, sabe-se lá porquê, o enche de esperança. Preparação iniciada, seja o que for pra ser.

domingo, 24 de março de 2013

Só um mês


E começou. Durante um ano tudo o que eu sempre quis era que começasse e que tudo aquilo que fora prometido anteriormente apenas se concretizasse. Era a ansiedade que me fazia pensar a todo momento sobre “como vai ser” e, enfim, pude ter uma ideia breve e vivenciar as antigas expectativas – agora realidade - durante um mês.
O contraditório é o que mais seduz: tanto ouvi sobre o quanto a faculdade vai abrir sua mente e reduziram minha alma a um objeto; a cada dia que passa mais se ouve sobre segregação interna e uma chuva de rótulos se intensifica. Sei lá, demora pra fazer algum sentido, mas o que seduz é o universo subcifrado que está nisso tudo. Entre um almoço e outro, um aperto de mão aqui e outro lá pouco a pouco é possível descobrir o tamanho da diversidade que nos rodeia, nos abraça e, por vezes, nos esmaga. Diante disso, o tal papo sobre “a faculdade vai abrir sua mente” passa a fazer mais sentido; entre tantas tradições seculares sendo respeitadas à risca e mais sanfonas do que guitarras pros ouvidos é que pude conhecer pessoas das mais variadas tribos, gostos, estilos de vida...
De fato, não seria exagero dizer que tudo isso assusta um pouco. Aprender tanta coisa em tão pouco tempo e tanta obsessão por aquilo que nunca foi tão “incomodado” (minha identidade) é algo novo e a sensação é de que ser algo novo é ser colocado à prova constantemente, no caso. Enfim, apesar de tanta mudança em tão pouco tempo e em meio a esse turbilhão, posso dizer que continuo tendo minhas certezas e dúvidas de sempre, sou a mesma pessoa vivenciando novas experiências e, mesmo sentindo falta de alguns “elementos” do passado, deixo que o amadurecimento que essa fase exige tome conta de mim e me dê sabedoria pra continuar me guiando da forma que deve ser.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Os ponteiros e o asfalto


Cá estou eu novamente, no mesmo lugar que por vezes prometi não voltar e onde não sou bem quisto e nem me sinto à vontade, lugar a qual não pertenço e que não me pertence, mas que costuma me encontrar em uma coincidência de roleta russa e que parece tão igual, porém nunca é. Faz de mim agente e espectador, anjo e capeta, leva ao céu e ao inferno. Derrama egoísmo a favor da solidariedade dos comuns, faz tudo não fazer o mínimo sentido, porém não acontece sem motivos, aparentemente... Aparentemente? Esforço extra leva mais longe, mas sempre traz as dores da fadiga e do cansaço; coragem de encarar não vem do cansaço nem das dores, tampouco das dores, e alguém sabe de onde vem? Gênio!
Irritante ironia que permeia os fatos ao meu redor. Não sabem que não é pelo fato de eu não ter grandes problemas que não preciso ser levado a sério. Quem nunca já se tatuou de sensações e palavras que hoje faz questão de ignorar? Quem nunca disse “quem nunca”? Enquanto tudo vira pó, as curvas da estrada chegam e sair pela tangente já não é mais uma opção.