segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Por outro ângulo

Por um momento, experimentar sair de si mesmo, do seu próprio corpo e, mais do que isso, sair do mundo no qual vivemos, pode ser uma experiência muito interessante. E, não, não é preciso usar qualquer narcótico, bebida e nenhum outro produto químico; apenas uma cabeça leve e, de preferência, um vento batendo no rosto, como se tivesse caindo de cara e de olhos fechados (costumo me sentir mais vivo com o vento no rosto).
Confesso que, como não é possível fugir, sumir de um grande raio das pessoas sem ficar longe delas, encontrei nisso uma boa válvula de escape. Observar as pessoas, inclusive eu, de longe, me faz perceber muitas coisas que estamos vetados a enxergar, vetados a ver a verdade...
É simples. É como dar conselhos e precisar de conselhos com o mesmo problema. Quem vê por terceira pessoa enxerga mais amplamente e, por um bom lado, não sente. Porque por mais que você pense de forma racional, analisando todos os lados, os conselhos e tudo o que te cerca, no final a emoção fala mais alto. É como se só estivéssemos satisfeitos com nós mesmos quando fazemos o que nosso coração manda. (Eu, particularmente, queria aprender a agir pela razão).
Porém, é analisando por fora que conseguimos ver nossas fraquezas que não vemos enquanto vivemos; conseguimos ver nossos erros e nos enxergar, enfim, como se fôssemos uma outra pessoa qualquer, e não NÓS MESMOS, de fato.
A sensação é algo que te muda. Você ver o mundo acontecendo, o tempo passando, as pessoas respirando, a luz quente do sol batendo de frente com nossos rostos, com o asfalto nas ruas, como se tentasse penetrá-lo e sentir-se quase que plenamente longe e fora dessa loucura que é o mundo, que são as pessoas, que são os sentimentos; sentir-se como alguém jogando video-game, jogo de terceira pessoa, estilo GTA, só que se ver no jogo, não vivendo aleatoriamente e podendo renascer, mas sim marcando nossa passagem pelo mundo com coisas que fazemos, com o que representamos de importante para alguém. Uma única vez.
E no fim de toda essa experiência, é sempre a mesma pergunta que cai no colo, que paira no ar ou então penetra sua mente: O que realmente vale à pena? Minhas preocupações valem à pena? Preocupações valem à pena? E a resposta costuma vir resumida, aliviando, lavando, mesmo que ainda temporariamente: Viver vale à pena e ser feliz também.