segunda-feira, 16 de julho de 2012

Inverno Pentablues


Três da manhã. Bem, isso é o que marcava o relógio, porém sua mente havia parado no tempo, pois este estaria atrapalhando os trabalhos. Cabelo por cortar, barba por fazer, sentado na calçada de sua casa bebendo um uísque quente, mas que te regava a alma quando nada mais parecia ajudar; ao fundo, "Champagne and Reefer" no som, atingindo seus ouvidos na medida certa.
Estar sozinho não era o problema. O que te incomodava era não entender a mente das outras pessoas e, por não poder definir um padrão ou linha de pensamento, enlouquecia ao tentar desvendar: o que você pensa quando agem dessa forma? Do que você tem medo? Por que se obriga a fazer tudo dar certo? Em uma pausa pra pensar sobre si mesmo, ele havia se recordado de todas as coisas erradas que tinham acontecido, das tantas coisas boas que aconteceram depois e que não teriam acontecido se tudo tivesse dado certo. Um último gole no uísque; o caminhão do lixo já passava em sua rua e, do outro lado da rua, um bêbado se arrastava, tentando chegar sabe-se lá onde... Ou não tentava chegar a lugar algum. O que pensa esse bêbado? Será que temos problemas em comum? Será que nossas angústias se assemelham e nossas alegrias também?
Outra pausa pra pensar sobre si mesmo e ele se dá conta de que gosta das perguntas, de que as respostas prontas só servem para os preguiçosos e para os que não vivem, mas apenas existem. A embriaguez traz o sono. Dormir traz os sonhos e sonhar é só o que ele precisava no momento.