quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Diário da angústia anunciada

Quarto fechado. Música de teor nostálgico tocando com volume baixo. Papel e caneta. O relógio marca as horas que já não importam mais. O momento era só dele. Dele e de suas ideias, angústias, sofrimentos, sentimentos. Sentado na cama com as costas encostadas na parede – a cabeça por vezes recostada como se estivesse colocando as coisas no lugar dentro daquele garoto – e as pernas formavam um ângulo que possibilita o apoio para escrever.
Para ele, agora só faltava pôr as coisas em ordem para que, assim, pudesse despejá-las naquela folha que papel que parecia pedir que algo fosse escrito. Mas, antes, uma pausa: solta a caneta, estica as pernas para relaxar, mais uma vez recosta a cabeça na parede. As mãos vão à cabeça e com a ponta dos dedos e a palma da mão – ao mesmo tempo – coçava a cabeça, como se fizesse massagem; ou ainda tentando expelir algo de sua mente que fizesse com que suas idéias se organizassem. Em vão. Toma um copo d’água e então se sente refrescado, o que lhe traz o sono.
Dormindo, o garoto sonha diferentes situações, sente diferentes sensações. Resolve dizer tudo àquela garota e deixá-la ciente do que se passa com o coração e sua cabeça. Ao menos em seu sonho, tudo dá certo. Finalmente, acorda: decepcionado por ter sido um sonho, pretensioso, confiante e determinado. Instante depois volta totalmente à realidade e o medo te cerca novamente. A música ainda toca em seu quarto – agora escuro, pois anoiteceu – e quando ele acende a luz se depara com aquela folha de caderno vazia. Folha vazia e sua mente fervendo.
Na angústia da insegurança, no medo do futuro, na espera do acaso, no receio ao próprio comportamento, o garoto parece dar sinais de que vai despejar suas idéias naquele papel. Empunha a caneta e começa a escrever. Percebe que sabe o que quer, porém teme que esteja querendo o que não deveria querer, teme feridas, teme quedas e nesse temor e insegurança ele espera que o alívio de sua angústia esteja ali naquele texto que, minutos mais tarde, terminaria. Ele espera. E, por enquanto, só espera pela luz que virá.
Procurando acreditar em demagogia e clichês: no fim, tudo dará certo.

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